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Doação de órgãos: a importante decisão de salvar vidas
A voz

A VOZ DO DOADOR

Mais de 21,6 mil pessoas puderam “nascer de novo” em 2015. Isso porque cada uma delas recebeu uma nova chance de viver mais, através do transplante de órgãos.

 

Atualmente o número de pessoas que esperam por órgão compatível passa dos 30 mil. Mas para que essas pessoas recebam a doação, é necessário que as famílias de pacientes com diagnóstico de morte encefálica aceitem e autorizem a retirada dos órgãos para a doação. O que não é sempre que acontece.

 

O número de famílias que não autorizam a doação de órgãos e tecidos de parentes aumentou significativamente no Brasil. Em sete anos, a taxa de recusa familiar dobrou, saltando de 22% em 2008 para 44% em 2015, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

 

As pesquisas apontam que o número de recusas não sofre queda desde 2012. O menor aumento aconteceu de 2014 para 2015, com apenas três recusas a mais do que no ano anterior, tendo um aumento de 0,11%. Mesmo que o número tenha sido menos significativo em comparação aos anos anteriores, ainda assim, não houve queda. Já em 2016, dados do primeiro trimestre apontam que o número de recusas foi de 611, mais de 66% das entrevistas realizadas neste ano.

 

Os motivos para a recusa pela família são diversos: desde crenças religiosas que impedem a realização da doação até o desconhecimento e não aceitação da morte encefálica, o que faz muitos familiares acreditarem que a condição do ente querido com o corpo quente e o coração batendo seja um indicativo de que ele sobreviverá.

O principal motivo de recusa identificado pela ABTO é que boa parte das famílias (21%) não compreendeu o conceito de morte encefálica. Já 19% atribuíram a decisão a crenças religiosas e outros 19% responsabilizaram a falta de competência técnica da equipe hospitalar.

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Âncora 2

A longa espera

Dos quase 32 mil pacientes que aguardam na fila de espera por um órgão, 637 são de Santa Catarina, Estado que tem o sistema de transplantes mais organizado do país.

 

Nos últimos 10 anos, o Estado exerce a liderança nacional na captação e doação de órgãos. Atualmente, o índice chega a 30,2 doadores por milhão de habitantes, mais que o dobro da média nacional (14,1).

 

De acordo com o médico intensivista da SCTransplantes, Rafael Lisboa, se Santa Catarina fosse um país, estaria entre os três com mais doações no mundo, atrás apenas da Espanha e Croácia.

 

Hoje, Santa Catarina possui aproximadamente ... hospitais públicos e privados espalhados pelos 295 municípios. Destes, 44 estão aptos para captar órgãos. Entre eles, está o São José de Jaraguá do Sul, considerado referência no Estado. Em 2015 foi o hospital com maior número de doações em SC.

 

O hospital jaraguaense é referência em neurologia e neurocirurgia na região. Casos de outros municípios, que podem evoluir para morte encefálica, são encaminhados ao Hospital São José. Não apenas cidades da região Guaramirim, Schroeder, Massaranduba e Corupá, mas também Mafra e Canoinhas.

 

Ainda na região norte, o Hospital Municipal São José de Joinville também destaca-se sempre entre os três hospitais com maior número de doações nos últimos anos.

Santa Catarina é o Estado Referência

Evitando as recusas: a arte de dar más notícias

Imagine 31.881 pessoas em uma fila. Assustador, né? Este é o número de pacientes que aguardam por um transplantes de órgãos no Brasil. Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que 2.333 pessoas morreram à espera de uma doação          no país, em 2015 – entre elas, 64 crianças.

 

Apesar de o número ser grande e, talvez, um pouco assustador, o Brasil se destaca no cenário da doação de órgãos e tecidos, se considerado o contexto mundial. Isso se deve, principalmente, por ter o maior sistema público de transplantes do mundo. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 90% dos procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

 

“Aumento de 5% no número de doadores no país, ou seja, 2.854 doadores, em 2015.” – Dados ABTO

 

Mesmo assim, a taxa nacional de doadores efetivos está abaixo da meta da ABTO. Em 2015, ela foi de 14,1 por milhão de população (pmp) – com uma queda de quase duas pessoas pmp em relação a 2014. A intenção era que ela chegasse a 17 neste ano, passando para 20 pmp em 2017.

 

A nível mundial, a Espanha é referência, com uma taxa de 35,9 doadores por milhão. Nos EUA, o número chega a 27; já no vizinho Uruguai, a taxa é de 20,7.

A longa espera

Dos mais de  33 mil pacientes que aguardam na fila de espera por um órgão, 637 são de Santa Catarina, Estado que tem o sistema de transplantes mais organizado do país.

 

Nos últimos 10 anos, o Estado exerce a liderança nacional na captação e doação de órgãos. Atualmente, o índice chega a 30,2 doadores por milhão de habitantes, mais que o dobro da média nacional (14,1).

 

De acordo com o médico intensivista da Central de Captação, Notificação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina (SC Transplantes), Rafael Lisboa, se Santa Catarina fosse um país, estaria entre os três com mais doações no mundo, atrás apenas da Espanha e Croácia.

 

Hoje, Santa Catarina possui mais de 220 hospitais públicos e privados espalhados pelos 295 municípios. Destes, 44 estão aptos para captar órgãos. Entre eles, está o São José de Jaraguá do Sul, considerado referência no Estado. Em 2015 foi o hospital com maior número de doações em SC.

 

O hospital jaraguaense é referência em neurologia e neurocirurgia na região. Casos de outros municípios, que podem evoluir para morte encefálica, são encaminhados ao Hospital São José. Não apenas cidades da região Guaramirim, Schroeder, Massaranduba e Corupá, mas também Mafra e Canoinhas.

 

Ainda na região norte, o Hospital Municipal São José de Joinville  sempre ganha destaque pelo número de doações e pelo trabalho da equipe.  

Santa Catarina é o Estado Referência

Imagine 33.237 pessoas em uma fila. Este é o número de pacientes que aguardam por um transplante de órgãos no Brasil. É como se 21% da população de Jaraguá do Sul e 5,9% de Joinville aguardassem por um transplante. Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que 2.333 pessoas morreram à espera de uma doação no país em 2015 – entre elas, 64 crianças.

 

Apesar de o número ser grande, o Brasil se destaca no cenário da doação de órgãos e tecidos, se considerado o contexto mundial. Isso se deve, principalmente, por ter o maior sistema público de transplantes do mundo. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 90% dos procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

 

“Aumento de 5% no número de doadores no país, ou seja, 2.854 doadores, em 2015.” – Dados ABTO

 

Mesmo assim, a taxa nacional de doadores efetivos está abaixo da meta da ABTO. Em 2015, ela foi de 14,1 por milhão de população (pmp) – com uma queda de quase duas pessoas pmp em relação a 2014. A intenção era que ela chegasse a 17 neste ano, passando para 20 pmp em 2017.

 

Em nível mundial, a Espanha é referência, com uma taxa de 35,9 doadores por milhão. Nos EUA, o número chega a 27; já no vizinho Uruguai, a taxa é de 20,7.

Na hora de dar a notícia

Evitando as recusas: a difícil missão de dar más notícias

Um dos fatores que mantém a fila de espera pelo transplante com alto número no país, inviabilizando o crescimento de doações, é a recusa familiar. O número de famílias que não autorizam a doação de órgãos e tecidos de parentes com diagnóstico de morte encefálica aumentou significativamente no Brasil.

 

Comunicar a morte de um paciente é, provavelmente, uma das tarefas mais difíceis que os profissionais de saúde têm de enfrentar, pois envolve a compreensão da morte de um ente querido e a importante decisão sobre a doação de órgãos. Para facilitar essa decisão, é essencial que os familiares compreendam o conceito de morte encefálica e aceitem que a pessoa morreu.

 

As iniciativas brasileiras buscam inspiração no modelo espanhol de doação de órgãos, que se tornou referência internacional. A taxa de recusa familiar na Espanha é hoje uma das menores do mundo, de 17%. Parte desse sucesso se deve à forma como profissionais da saúde lidam com as famílias.

 

Pra colocar esse modelo em prática, o Brasil busca estruturar o funcionamento da CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes), que trabalha em turno integral (24 horas). Esta medida foi implantada para que todas as mortes cerebrais ocorridas recebam atendimento especializado, para garantir a otimização do processo de captação interna.

“2.613 famílias recusaram a doação de órgãos em 2015, o que representa 44% dos entrevistados” – Dados ABTO

O Estado de Santa Catarina tem uma das menores taxas de recusa familiar, considerando o número de doações (40%), e conta com profissionais de saúde capacitados, que passam por cursos de comunicação em situações críticas. Os cursos são oferecido pela SCTransplantes, a gerência da Superintendência de Serviços Especiais e Regulação da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina. Os profissionais aprendem a dialogar com sensibilidade com os familiares e a se colocarem à disposição para esclarecer dúvidas.

Essa formação específica permite que o profissional desenvolva habilidades de comunicação para fazer com que um familiar em crise de luto sinta-se livre e confiante para tomar sua decisão. Na província espanhola de Alicante, esse tipo de abordagem chegou a zerar a recusa nos anos 1990.

A decisão de doar

A partir do momento em que acontece a morte encefálica, é que começa o processo para garantir mais um doador em potencial. E é aí que entram em ação os profissionais que trabalham nessa questão. O Hospital São José de José de Jaraguá do Sul, é um dos que trabalha nesse sentido.

 

De acordo com o médico responsável pela UTI (Unidade de Terapia Intensiva), Manoel Eduardo Tassinari Guimarães, o diagnóstico de morte encefálica desperta muitas dúvidas. É uma morte que não parece morte, pois o coração continua batendo. Isso faz com que a família ainda tenha esperanças de recuperação. Ele explica que é normal que haja dúvidas, e a equipe está preparada para explicar.

 

“É importante destacar que morte encefálica significa morte. Se é diagnosticada, não existe a possibilidade de volta como um coma, por exemplo”, esclarece Guimarães. Ainda segundo ele, a única coisa que mantém os órgãos funcionando no corpo do paciente, após a morte, são os aparelhos. “E é por isso que conseguimos doar os órgãos”, frisa.

Mas o que é Morte Encefálica?

A investigação para o diagnóstico de morte encefálica começa a partir do momento em que o paciente – que está entubado - apresenta alguns critérios que indicam falta de fluxo sanguíneo no cérebro. A primeira análise feita é se a pessoa apresenta, na escala neurológica, um valor mínimo de 3 na escala de Glasgow. O paciente precisa estar sem sedação e nem o uso de nenhum tipo de medicamento que pode ser depressor do sistema nervoso central. Além disso, não pode estar em hipotermia e devem ser excluídas as causas metabólicas de coma.

 

Após um período de 10 horas – tempo de espera para que as medicações sejam metabolizadas – são feitos os exames de morte encefálica. Ao todo são três testes: dois de apneia positivo e uma prova gráfica, para ficar documentado que realmente não existe fluxo cerebral.

 

Entenda melhor os testes:

 

Testes de apneia

- Avaliação dos reflexos de tronco-cerebral (verifica se o paciente está em coma aperceptivo, reagindo com dor)

- Avaliação dos reflexos córneo-palpebral (se o paciente reage ao reflexo de piscar, não mantendo os chamados “olhos de boneca”, fixos e sem reação

- Avaliação dos reflexos de tosse

- Prova calórica (injeção de soro no conduto auditivo para verificar se existem reflexos nos olhos)

- Gasometria: coletas de sangue (são duas. A segunda precisa ter um uma concentração de gás carbônico acima de 55 milímetros de mercúrio em caso de morte encefálica)

 

Prova gráfica

A última é a prova gráfica. No caso do Hospital São José de Jaraguá do Sul, podem ser feitos dois tipos:

- Dotlertranscraniano: um exame que verifica o fluxo dos vasos cerebrais

- Arteriografia cerebral: também verifica o fluxo sanguíneo no cérebro

Lidar com a dor do sofrimento. A pior parte é a entrevista com a família, segundo o enfermeiro da CIHDOTT e chefe do Centro Cirúrgico do hospital São José, Marlon Dutra de Britto da Silva.

“Cada família reage de uma forma diferente, e nós lidamos com esses sentimentos. Coloco-me no lugar de cada um, mas temos que saber a melhor forma de agir e se comunicar com os familiares”, explica. Ele ainda comenta que muitas pessoas já têm consciência da doação, mas com outras é necessário a espera para a aceitação e a conversa. “Quando percebemos que existe uma compreensão do que está acontecendo e a aceitação da morte, entramos no assunto doação.”, comenta.

A enfermeira Raisa Carolina Campos Oliveira Lindner também faz parte da CIHDOTT e é uma das responsáveis por auxiliar nas entrevistas com as famílias. Veja o vídeo em que ela fala sobre o assunto.

Em caso de recusa da família, é respeitada a decisão e finalizado o protocolo com o desligamento dos aparelhos, de acordo com a Resolução nº 1826 de 2007, do Conselho Federal de Medicina (CFM).

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Diário de bordo

Cada texto que escrevemos aqui tem um pouco de amor e dor. Nossa primeira entrevista foi no Hospital Municipal São José de Jaraguá do Sul, em uma Sexta-feira Santa, na antessala da UTI. Enquanto conversávamos com os profissionais, pacientes e familiares iam chegando à espera de uma mudança naquela situação, eles queriam ver melhoras no estado dos entes queridos. O primeiro impacto foi com a frase dita pela enfermeira Raisa, “Nós sempre dizemos ‘eu imagino sua dor’, mas você não imagina, a dor é diferente para cada um de nós.”  Nesse momento pensamos que falar sobre esse assunto seria muito mais delicado do que pensamos.

Os outros desafios vieram no decorrer das entrevistas. Cada órgão tem suas especificidades, como o transplante de córneas. Visitamos o Hospital de Olhos, Sadalla Amin Ghanen, e tivemos a honra de acompanhar um transplante realizado pelo Doutor Ramon Ghanen, e entendemos como funciona a cirurgia. A córnea é o único órgão que o transplante que não depende de compatibilidade sanguínea ou etária - claro que uma córnea jovem é mais proveitosa do que uma de um idoso.

Conhecemos também histórias emocionantes de perdas, mas, por outro lado de ganhos, de vidas que foram salvas a partir de um ato de amor: o de doar. Foi aí que começamos a entender como era difícil falar sobre o assunto, era como tocar em uma ferida que estava em processo lento de cicatrização.

Nosso objetivo com esse trabalho foi sempre falar sobre vida! Por mais dolorida que seja uma perda, passamos a entender que temos lembrar da felicidade que foi  ter aquela pessoa em nossa vida e a melhor forma de agradecer é poder ajudar outras pessoas a terem uma nova chance de vider.

Hoje, pedimos aos nossos familiares, amigos e a você que nos lê, que “Diga Sim” quando essa decisão chegar até você. Não podemos voltar atrás e mudar o destino de nossos entes queridos, mas podemos mudar o destino dos mais de 33 mil que esperam na fila.

Obrigada por estar nesse site. Diga sim!

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